quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Palavras de origem africanas (e seu significado usual)

    Palavras de origens africanas (e seus significado usual)





No setor Palavras Cruzadas do museu, por exemplo, visualizávamos palavras que nos ensinaram a nomear determinados comportamentos, com: bagunça ( criar desordem e confução ), lengalenga ( realizar uma conversa enganosa ), dengo ( ser astucioso e sedutor, faceirice ), encabular ( provocar ou sentir vergonha ), xingar ( insutar, ofender com palavras ), zangado ( estar com sentimento de raiva, irritado ), zonzo ( atordoado, tonto ).

Essas são algumas das palavras africanas que continuam vivas a significar comportamentos e relações sociais, outras ganharam o sentido de gíria na língua portuguesa falada no Brasil, como babaca ( para dizer bobo ), borocoxô ( triste ), biboca, cafofo ou mocambo ( forma de nomear uma casa simples ), cafundó ( lugar distante ) calombo ( calo na cabeça ), cambada ( grupo de pessoas )coroa ( velho ), fuçar ( procurar ) fulo ( bravo ), fuzuê ( confusão ), sacana ( de comportamento duvidoso ), molambento ( mal-arrumado ) , tribufu ( pessoa feia ), urucubaca ( uma forma de nomear o estado de falta de sorte ), xodó ( fazer um carinho ).

De uso frequente, as palavras sunga e tanga por exemplo, deixaram de ser associadas aos trajes africanos e indígenas para compor peças do vestuário masculino e feminino brasileiro, o que sinaliza a mudança de costume com a apropriação dessas peças e consequentemente das palavras que as nomeiam.

Era visível a surpresa do público do museu em descobrir não apenas as palavras africanas que falamos em português como também a mudança de significado que algumas sofreram. Em sua língua de origem, por exemplo, a palavra beleleu, encontrada na expressão da gíria paulista " ir para o beleléu" , nomeava um local que compreendemos no Brasil por cemitério, e a palavra samba significava um ato de oração. Outros exemplos se somavam a estes na explanação do educador do museu: banguela se referia na origem ao nome de uma etnia africana conhecida como benguelas, macumba era um instrumento musical; a palavra ginga referia-se ao nome de uma rainha de Matamba ( região Banto ); e quindim, da ideia original de delicadeza, tornou-se um doce feito com ovos, coco e açúcar. Na relação com o público do museu, a história das palavras e seus novos usos eram comentados.

A palavra quilombo significa aldeia e agrupamento, mas também pode significar o corpo e o pensamento que não se reconhece como propriedade do outro. O quilombo atualiza-se no corpo, com novos sentidos e significados que circulam nas escolas de samba ( como a Vai-Vai ), nas casas de candomblé e umbanda, nos baile black, na produção de uma imprensa negra, numa literatura afro-brasileira e nas congadas festejadas em vários estados brasileiras.

A cultura é algo que está no corpo, nos gestos, na memória, na forma de andar, no contorno, das expressões verbais e não verbais, não é possível perdê-las, a mudança de um contexto cultural para outro acompanha adaptações e recriações dadas em palavras, por isso podemos falar num movimento de antropofagia simbólica no lugar de uma simples assimilação de palavras e práticas.

As línguas mudam ao acompanharem a história dos seus falantes, essa é a história da língua portuguesa em solo brasileiro, ela também pode adaptar-se ás novas relações linguísticas e culturais. No Brasil, a manutenção da estrutura latina da língua portuguesa não a impediu de acolher uma nova sonoridade em relação á sua matriz e incorporar um grande vocabulário de palavras que veio de outras línguas.

Como um detetive que reúne pistas para contar uma história, as palavras africanas expostas no acervo do Museu da Língua Portuguesa compunham o papel de traduzir os sentidos e significados compartilhados na cultura brasileira, uma história nem sempre contada em livros didáticos, mas que carregamos conosco para os diferentes lugares a que podemos ir. A importância da língua portuguesa como um bem museológico se faz nesse ato de contar histórias que não são definidas por nós, mas são praticadas e vividas coletivamente.


1. Dengo

Segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil.

2. Cafuné.

Também do quimbundo vem a palavra cafuné, que significa acariciar

3. Caçula

Do quimbundo kazuli, que significa o último da família ou o mais novo 

4. Moleque

Do quimbundo mu’leke, que significa “filho pequeno” ou “garoto”, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes.

5. Quitanda

Do termo quimbundo kitanda, trata-se de um pequeno estabelecimento onde se vende produtos frescos, como frutas, verduras, legumes, ovos, etc.

6. Dendê

Do quimbundo ndende, o dendê, ou óleo de palma, é popular nas culinárias africana e brasileira

7. Cachaça

Essa aguardente de cana-de-açúcar é usada no preparo do coquetel brasileiro mundialmente conhecido: a caipirinha

8. Fubá

Fuba, da língua banta quimbundo, é uma farinha feita com milho ou arroz

9. Axé

O termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também “boa-sorte

10. Candomblé

Esta é a religião de matriz africana mais praticada no Brasil

11. Macumba

Macumba (quimb makumba) é uma religião que começou a ser praticada na primeira metade do século XX no Rio de Janeiro

12. Muvuca

Mvúka, de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer, celebração

                   palavras africanas                                                    

ABADÁ – Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome dado a uma camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos.

ABARÁ – Quitute semelhante ao acarajé. A massa feita de feijão fradinho e os temperos são os mesmos. Os bolinhos envoltos em folhas de bananeira são cozidos em banho-maria.

ACARÁ – Peixe de esqueleto ósseo.

ACARAJÉ – Bolinho feito de massa de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e servido com camarões secos.

AFOXÉ –  Dança, semelhante a um cortejo real, que desfila durante o carnaval e em cerimônias religiosas.

AGOGÔ – Instrumento musical formado por duas (ou três) campânulas ocas de ferro.

ALUÁ – Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi.

AMUO  – sm. Mau humor passageiro, revelado no aspecto, gestos ou silêncio; arrufo, calundu.

ANGOLA – Nome dado a uma das mais conhecidas modalidades do jogo de capoeira e, também, a um dos cinco países africanos de língua portuguesa.

ANGU – Massa de farinha de milho ou de mandioca. Angu-de-caroço: Coisa complicada.

AXÉ – Saudação; força vital e espiritual.

AZOEIRA – Barulhada, zoeira, bagunça.

ALUÁ – Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi.

AMUO  – sm. Mau humor passageiro, revelado no aspecto, gestos ou silêncio; arrufo, calundu.

Bibliografia: site htpps://www.museudalinguaportuguesa.org.br

 

 


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